São Martinho

 

A actual igreja de São Martinho, segundo a lenda no séc. IX, foi provavelmente uma capela de um convento beneditino fundado por Abade João do Mosteiro ou por Padre Arhgar.

A provável fundação da igreja foi em 1130 segundo lápide da fachada Sul, em que a carta de doação foi passada por D. Sancho I ao abade de Alcobaça e Ceiça da Herdade da barra ressalvando o domínio útil dos dízimos e coroa pastoral da igreja de São Martinho em 1195. Após intervenção dos crúzios de Santa Cruz de Coimbra, em Setembro de 1239, o bispo de Coimbra, D. Tibúrcio e D. Teresa travaram uma contenda pela posse da igreja.

João Guilherme Chancino, cónego da Sé de Coimbra, em 1285 deixa em testamento verbas para se levantar a igreja, em que se deve tratar da reconstrução e não de edificação. D. Afonso IV doou a igreja de São Martinho ao padroado do Mosteiro de Santa Clara de Coimbra em 1355, em que em 1357 D. Pedro I confirmou a doação. A igreja aparece documentada em 1362. Foi instituída a capela dos Coutinhos por Afonso Vasques em 1369.

No séc. XVI, foram executados os altares laterais da igreja e o túmulo de Luís Pessoa, cavaleiro da Casa Real, falecido em 1531 e de sua mulher e sobrinha D. Mécia Quaresma Costa falecida em 1524/1526. O túmulo de Diogo Zuzarte está no altar de Santa Luísa desde 1596. O administrador da capela de Santa Catarina foi Manuel Pessoa de Sá Cunha em 1715, fidalgo da casa do Rei. Ainda em 1715, existiu a capela dos Pinas que pertenceu primeiro a Afonso Briam e em 1860, foi construído o portão de ferro no adro da igreja.

Segundo uma lápide na fachada Oeste, fizeram-se reformas na igreja (não confirmadas) em 1880.

O prior Augusto Nunes Pereira pôs a descoberto o arcossólio e a estátua jacente que se encontravam revestidos de pedra e cal em 1923, apresentando planta longitudinal composta por nave única, capela-mor rectangular com torre sineira quadrada adossada a Este e sacristia a Norte. Fachada principal orientada, de pano único definido por parastáticas munidas de plintos e ábacos moldurados rematados por urnas; portal rectangular e janelão rectangular de jambas prolongadas abaixo do peitoril moldurado em frontão recortado invertido; sobre a verga lápide da pedra com inscrição; remate em frontão de lanços arquitravado coroado por cruz de Cristo em pedra. O interior é um espaço diferenciado iluminado pelo janelão da fachada Oeste e pela janela que ocupa toda a largura do 4º tramo a Sul; nave de oito tramos rectangulares definidos por arcos torais de volta quebrada descarregando em pilares de secção quadrangular adossados aos muros munidos de ábacos continuados pela cimalha. Nos dois primeiros tramos da nave encontra-se o coro alto, de madeira e varandim de balaústres, com acesso por escada. No 3º vão a Norte, um arco de volta redonda, munido de portão de ferro, abre para a capela de Santa Catarina. Nas paredes do corpo existem catorze pequenos quadros com a temática da Via Sacra.